Fraudes em licitações públicas: saiba como evitar
Fraudes em licitações públicas representam um desafio significativo para garantir a integridade dos processos licitatórios e a igualdade de oportunidades entre participantes. Este artigo explora...
O governo federal brasileiro já contabiliza no papel mais de 500 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, quantidade suficiente para imunizar a população inteira e contar com uma sobra do bem mais disputado no mundo hoje.
Mas a realidade atual do Brasil é marcada por falta de vacinas, lentidão na aplicação de doses disponíveis, atrasos em entregas previstas dentro e fora do país e consequências da demora do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em comprar imunizantes.
A previsão divulgada pelo Ministério da Saúde já mudou cinco vezes em março, sempre reduzindo o número de doses a serem distribuídas nas próximas semanas e adiando cada vez mais entregas.
A partir das informações atuais, a BBC News Brasil traça a seguir três cenários para o período de vacinação previsto para diferentes grupos da população brasileira — além do pode dar errado ou até melhorar no meio do caminho.
A tendência, até o momento, é que o início da vacinação dos adultos não prioritários deva acontecer pelo menos em meados do segundo semestre de 2021, enquanto a de jovens com menos de 25 anos deve acontecer só em 2022.
A situação dos menores de idade é ainda mais incerta.
O plano de imunização brasileiro contra a covid-19 dividiu a população adulta em prioritários e não prioritários.
O grupo prioritário é subdividido em 29 categorias, entre elas idosos, adultos com comorbidades, profissionais de saúde, pessoas em situação de rua, presos, trabalhadores do setor de educação, agentes de segurança, motoristas de ônibus e caminhoneiros. Essas pessoas somam 77,3 milhões.
Para vacinar esse grupo inteiro, portanto, seriam necessárias 154 milhões de doses. Considerando as vacinas já aprovadas pela Anvisa, esse montante estaria disponível até junho deste ano, se não houver atrasos na entrega, fabricação ou distribuição.
Por outro lado, o Brasil tem mantido um ritmo de vacinação que corresponde à metade das doses distribuídas.
Ou seja, aplicou até agora 14 milhões das 30 milhões enviadas para Estados e municípios. A cada 10 doses aplicadas atualmente, 8 são da Coronavac, criticada e boicotada por meses pelo presidente Jair Bolsonaro, que chegou a cancelar a compra desse imunizante.
A diferença entre o número de doses distribuídas e aplicadas no Brasil se explica em parte à necessidade de reservar uma quantidade como segunda dose, e uma eventual escassez poderia afetar a imunidade dos vacinados. Para tentar acelerar a vacinação, o governo federal recomendou utilizar essas reservas como primeira dose porque fornecedores garantiram as entregas.
Mas essa mudança de orientação federal ainda não surtiu efeito no ritmo de vacinação, e, diante da escassez e de atrasos, é provável que muitos gestores mantenham a política de reservar doses para a segunda aplicação semanas depois da primeira. A eficácia contra a covid só é garantida semanas depois da aplicação da segunda dose.
Se essa proporção de vacinas distribuídas/aplicadas se mantiver ao longo do ano, a imunização dos grupos prioritários pode se estender até setembro de 2021 no Brasil.
Em linhas gerais, a ordem segue três momentos. 1. idosos e profissionais de saúde; 2. adultos com comorbidades; 3. profissionais de categorias profissionais essenciais. A cidade de São Paulo, levou o mês de março inteiro para vacinar apenas idosos de 70 a 79 anos.
O grupo mais numeroso entre os prioritários é o de adultos de 18 a 59 anos com comorbidades (ou doenças pré-existentes), entre elas diabetes, síndrome de Down, fibrose cística, hipertensão, cirrose hepática, cardiopatias e pessoas com obesidade mórbida (IMC acima de 40).
Essa fatia representa quase 18 milhões de pessoas e corre mais riscos de morrer de covid-19 ou desenvolver a forma grave da doença.
“O ritmo de vacinação no país é insuficiente para vacinar os grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) no 1º semestre de 2021, o que amplia o horizonte de vacinação para toda a população para meados de 2022. As consequências são inomináveis”, afirmam banqueiros, empresários e economistas em carta aberta com críticas ao governo Bolsonaro e propostas para a pandemia .
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de habitantes com idades de 18 a 59 anos no país totaliza 125 milhões de pessoas. Cerca de 40 milhões delas estão no grupo prioritário.
Ainda não está claro como transcorreria a vacinação para esse grupo, mas ela deve seguir os mesmos moldes atuais (adotados inclusive em outros países, como o Reino Unido). As pessoas seriam divididas também em faixas etárias e imunizadas em ordem decrescente, com os jovens em torno de 18 anos por último.
Tampouco é possível estimar o ritmo de vacinação no segundo semestre, mas o governo federal afirma que os obstáculos enfrentados pelo país atualmente correspondem apenas ao início do processo de fabricação e distribuição, concentrado em dois fabricantes.
No segundo semestre de 2021, com mais opções e doses disponíveis, além da fabricação 100% nacional da AstraZeneca-Oxford pela Fiocruz, a tendência seria superar com folga a marca de 1 milhão de vacinados por dia.
Vale lembrar que na pandemia de H1N1, em 2009, o Brasil levou quase três meses para vacinar 80 milhões de pessoas.
Além dos quase 85 milhões de adultos não prioritários, devem ser vacinados também os menores de idade, que somam cerca de 48 milhões, segundo o IBGE.
Atualmente, eles não estão listados entre aqueles que receberão a vacina, dada a falta de estudos de segurança e eficácia dos imunizantes com essa faixa etária e a incidência menor de covid-19 grave entre essas pessoas dessa faixa etária.
Mas há estudos em andamento no país com vacinas para menores de idade, e os resultados têm sido promissores.
A farmacêutica chinesa Sinovac, parceira do Instituto Butantan na fabricação da vacina Coronavac, por exemplo, anunciou que os estudos de fase 1 e fase 2 envolvendo 500 jovens com idade de 3 a 17 anos sinalizaram que o imunizante é seguro e foi capaz de induzir o corpo humano a produzir anticorpos contra o coronavírus. Não houve registro de reações graves. Esses dados preliminares ainda não foram revisados por outros cientistas. A fase 3 dos estudos será responsável por confirmar (ou não) a segurança da vacina e a taxa de eficácia contra a doença.
Dado o ritmo de vacinação do país, é provável que os imunizantes sejam aprovados para essas faixas etárias até chegar a vez deles na fila da vacinação, a princípio no primeiro semestre de 2022.
Fonte : BBC News
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