Fraudes em licitações públicas: saiba como evitar
Fraudes em licitações públicas representam um desafio significativo para garantir a integridade dos processos licitatórios e a igualdade de oportunidades entre participantes. Este artigo explora...
Nesta 12ª edição do Gente Que Brilha, vamos acompanhar a trajetória de Andreia Viana. A sua jornada exemplar nos mostra que o mercado público é um lugar transformador, pleno de possibilidades para profissionais fora da curva.
1Quem é a Andreia? Conte um pouco sobre você…
Sou Andreia e, desde 2021, atuo como gerente de licitações na AstraZeneca, onde venho desenvolvendo vários projetos relevantes que contam com o apoio da direção da empresa e de uma equipe fantástica, com a qual estamos transformando vidas.
Tenho 51 anos bem vividos, casada com a Keyla há 12 anos. Temos dois filhos de quatro patas, o Nicky (yorkshire) e a Maya (gata). Graduada em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior, MBA em Licitações e Contratos e, agora, iniciei uma pós-graduação em Licitações e Contratos sob a luz da Nova Lei de Licitações (NLL), 14.133/2021. Posso afirmar que minha trajetória profissional na área de Licitações Públicas é bem consistente e diversificada.
Destaco minha jornada de 15 anos pela empresa REM, que hoje atua somente no segmento de Diagnósticos, mas que já esteve nas áreas de Ensaios Não Destrutivos, Medicina Nuclear Diagnóstica e Laboratorial. Ali construí uma carreira sólida, indo de assistente à coordenadora de licitações públicas, o que me deu uma bagagem profissional incrível e me permitiu seguir por novos caminhos, atuando como consultora em licitações internacionais por sete anos, principalmente em processos na Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Em 2019, ingressei na Bayer, como coordenadora de licitações, casa que me acolheu e me ensinou muita coisa, principalmente sobre respeito à diversidade, que aqui na AstraZeneca está no DNA de todos os colaboradores e possibilita estar aqui dando essa entrevista de “peito aberto”.
2Highlights da carreira – quais foram os pontos altos de sua carreira? Que fatos relevantes e resultados alcançados você gostaria de destacar?
Tive muitos pontos altos em minha carreira, inclusive, se considerarmos que fui inabilitada uma única vez, porque inverti os conteúdos dos envelopes (risos).
Atuei em licitações desde teste de HIV, passando por venda de helicópteros, ultrassom industrial, locação de veículos blindados e chegando a vencer uma licitação para a construção/início de operação de um acelerador nuclear – essa, inclusive, com direito à defesa de mandado de segurança.
Na REM, tive uma grande mestra, Maria Luiza, já falecida, que me ensinou a olhar sempre com uma visão macro, nunca me ater apenas ao meu setor, o que foi muito importante para a minha carreira.
Já fui responsável por manter o fornecimento de molibdênio no Brasil, por mais de 12 anos e me orgulho em dizer que as empresas que eram minhas clientes, neste nicho tão específico e complexo, sempre ganhavam as suas licitações. Molibdênio é um radioisótopo usado como matéria-prima para geração do tecnécio-99m (Tc99m), empregado na medicina nuclear para o diagnóstico de diversas doenças, que incluem câncer, obstruções renais, demências e outras.
Participei ativamente de grandes projetos junto ao antigo REFORSUS e de licitações vultosas financiadas pelo BID na área de Diagnóstico Laboratorial. E também de um projeto de grande expressão para o Brasil, que foi a licitação para construção e início de operação do Acelerador Nuclear na CNEN/SP, importante ferramenta para a produção de radioisótopos, necessários para o diagnóstico de cânceres.
3Desafios – a vida profissional e a pessoal é feita de desafios, aqueles que nos tornam melhores, mais fortes e mais capazes. Quais foram os mais marcantes de sua vida profissional e/ou pessoal que você gostaria de compartilhar conosco?
Viver já é um grande desafio e ser uma profissional reconhecida sendo mulher, descendente de negros e nordestinos, homossexual e pobre, é uma grande vitória e que me causa muito orgulho.
Eu acredito muito que a pessoa que “cai de paraquedas” em licitações sempre ama desafios, não tem como dissociar uma coisa da outra. É “matar mais de um leão por dia” (risos). Tenho desafios diários, seja com a rotina de licitações públicas, seja com a melhoria de sistemas, processos e reestruturações. A ideia é perceber o que tem de melhor no mercado e melhorar ainda mais, para ser sempre referência.
Pessoalmente, eu me desafio todos os dias a ser um ser humano melhor e a levar essa mensagem para que todos possam se empenhar em ser pessoas do bem, mais empáticas e mais humanas, pois acredito que não se muda o mundo, mas se cada um se transformar, com certeza o mundo será melhor.
4O que lhe inspira, o que lhe motiva a cada dia que você dedica ao mercado de Licitações Públicas?
Eu sempre trabalhei com empresas cujas licitações estavam relacionadas com a área da Saúde, no diagnóstico ou no tratamento e isso sempre foi inspirador para mim. Porém, em 2015, minha irmã caçula foi diagnosticada com um câncer de ovário, que a fez sofrer muito por dois anos, vindo a falecer em 2017. Quando ingressei na indústria farmacêutica, esse engajamento ficou mais latente, porque, realmente, podemos transformar vidas e, hoje, eu não quero que as pessoas passem pelo que minha irmã passou. Trabalho para levar a cura ou, pelo menos, uma qualidade de vida real para os pacientes.
Em resumo, minha família me inspira, com sua coragem, união e amor incondicional desde sempre. Isso faz a diferença.
5Projetos atuais – atualmente qual é o projeto ao qual você tem se dedicado mais? Quais são os desafios mais relevantes deste projeto como gestora? Acredita que ele trará mudanças estratégicas significativas para a sua área, sua equipe e para a empresa como um todo?
Tenho muitos projetos na AstraZeneca que me inspiram, movem-me e que vão fazer muita diferença em um futuro muito próximo.
Porém, estou envolvida em um projeto externo que me orgulha muito, que traz a integração e a colaboração entre vários fornecedores e os demais players da cadeia de negócios públicos atuantes na área da Saúde, levantando pontos importantes para serem discutidos e levados aos legisladores da Nova Lei de Licitações (NLL).
Trata-se do Projeto In.hub, uma reunião de um time muito capacitado de especialistas em licitações, que conta com a participação de professores-doutores do Insper, do InClub/IBIZ e de vários gestores, que, assim como eu, estão dedicando seu tempo e conhecimento para debater e levar as principais “dores” do segmento com relação aos processos licitatórios, a fim de promover a desburocratização e um entendimento comum, proporcionando uma gestão estratégica de licitações públicas mais ágil e assertiva para todos nós.
6Nova Lei de Licitações – Em sua opinião, quais os impactos que a Nova Lei de Licitações trará para o mercado de Compras Públicas?
Acho que a nova lei trará muitas contribuições importantes para as compras públicas, incluindo muitos regulamentos para situações que hoje estão à mercê de interpretação, devido ao número de remendos sofridos pela Lei 8.666/93. Porém eu acho que ainda teremos muitos problemas devido ao fato de um regulamento tão importante ter sido feito por uma única mão.
A Lei de Licitações envolve tantos players de diversos segmentos, que precisava de um projeto semelhante ao In.hub, para cada segmento, a fim de compilar as necessidades dos licitantes em relação a algumas exigências no processo público, que muitas vezes não se justifica. Abaixo trago duas situações, distintas, que podem ilustrar esse meu entendimento.
Preço sigiloso: Nós nos deparamos, muitas vezes, com pesquisas de preços defasadas e que só temos conhecimento no momento da negociação com o pregoeiro. Além disso, em outros casos, o desconto solicitado depende de aprovação de instâncias superiores dentro das empresas licitantes, os quais inviabilizam uma consulta rápida, a fim de satisfazer as necessidades da instituição. Esses dois exemplos culminam no fracasso da licitação e necessidade de republicação do edital, muitas vezes, mediante nova pesquisa. Agora, eu pergunto: qual é o ganho real da administração pública com esse artifício? No meu entendimento, nenhum, muito pelo contrário.
Licitações Internacionais: a nova lei reserva um capítulo exclusivo para licitações internacionais, que não traz ganho com relação à lei 8.666/93. Além de deixar questões sobre a documentação de habilitação de forma muita subjetiva, o que vai causar muitas discussões, inclusive durante a sessão do pregão. Além disso, os consulados deveriam ser envolvidos com a questão da similaridade da documentação, enfim, eu teria muitas contribuições (risos).
7Uma frase, um pensamento especial – para finalizar, compartilhe com a gente uma frase, um pensamento ou algo do gênero que faz você vibrar e tem um significado especial para você.
“O ego vai te levar longe e vai te deixar lá, sozinho” (Rodrigo Domit)
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